Uma oportunidade dentro da calamidade
Quem nunca ouviu a máxima de que “Deus é brasileiro”? Essa ideia
sempre povoou a mente coletiva verde e amarela, talvez por ser uma ideia
anestésica ou uma espécie de negação em meio ao caos espalhado por várias
direções. Mas, afinal, independentemente do excesso de otimismo ou de
pessimismo, onde de fato estamos? Como estamos? Neste artigo, procurei analisar
alguns indicadores, de acordo com dados disponíveis, com o objetivo de
chegarmos a alguma conclusão sobre o que é real, mera propaganda governamental ou
uma ficção em que muitos tem preferido acreditar.
No
Top 100 das melhores universidades dos países emergentes (que considera nações
como Rússia, Índia, China e outras da mesma categoria), o Brasil tem apenas
quatro instituições relacionadas, segundo a revista britânica Times Higher
Education (THE). Se essa lista incluísse países de primeiro mundo, elas talvez
aparecessem lá pela 500ª posição. Outro dado importante: no início de 2014, a
Unesco divulgou o ranking dos países com os maiores índices de analfabetismo.
Como você acha que o Brasil se posicionou? Não foi nada bem, ocupando a
lamentável 8ª posição no ranking dos países com mais adultos analfabetos no
mundo.
O
SUS, sistema de saúde público brasileiro, está em último lugar mundial em
qualidade, segundo relatório publicado recentemente pela Bloomberg. Além de
custar caro e não oferecer um bom atendimento, o contribuinte de classe média
que deseja oferecer um serviço com mais dignidade para sua família, ainda tem
que contratar um plano de saúde privado, mesmo que já tenha sido descontada na
fonte uma contribuição para o programa do governo. Resultado? A população
brasileira tem a 127ª expectativa de vida do mundo, menor que a de países como
Egito, Jamaica, El Salvador, Colômbia e Síria. Compare a realidade brasileira
em relação à expectativa de vida com a dos outros países, no mapa acima.
O
brasileiro é alegre e sorridente e nenhum de nós tem dúvidas quanto a isso. Mas
será que ele realmente tem razões para tanto ou, na verdade, aprendeu, depois
de muito sofrimento, a desenvolver sua resiliência para viver melhor? Segundo a
ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil está na 85ª posição no ranking do
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), atrás de países como
Bósnia-Herzegovina, Azerbaijão, São Vicente, Granadina e muitos outros. O IDH é
um índice medido anualmente pela ONU com base em indicadores de renda, saúde e
educação, o que reflete a qualidade de vida da população.
No
estado de São Paulo, em 2013, houve um crescimento no número de sequestros na
ordem de 21% em relação a 2012. Segundo estatísticas parciais do primeiro
trimestre de 2013, em relação ao mesmo período de 2012, divulgadas pela SSP-SP
(Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), houve um crescimento expressivo
na criminalidade, na capital financeira do Brasil:
Esse
resultado faz com que muitos empresários, que poderiam estar incentivados a
investirem mais no Brasil, deixem o país em busca de um local mais seguro para
suas famílias. Os que decidem ficar no Brasil vivem trancados em seus
condomínios, com segurança particular, carros blindados, câmeras de segurança
por todas as partes, além de viverem sem poder trafegar tranquilamente pelas
ruas da cidade, o que chamamos de viver numa “gaiola de ouro”.
Não
é que não exista a possibilidade de você ser assaltado em Orlando, de ter seu
carro roubado em Sydney ou de ser atingido por uma bala perdida em Barcelona,
mas depois de ter morado nessas três cidades e em várias outras, é
profundamente lamentável ver o brasileiro refém de criminosos sem que o governo
declare guerra e acabe com essa realidade. Em breve, veremos uma grande
operação de segurança para que o Brasil fique mais seguro durante a Copa. Isso
significa que é possível, mas logo que os eventos passarem, já sabemos o que
vai acontecer.
Para
este artigo não ficar grande e melancólico demais, optei por não escrever nada
sobre o sistema prisional do país.
O
Brasil tem a maior taxa de juros do mundo, e em elevação (Selic: 10,5% a.a.).
Sobre os produtos consumidos, possui impostos embutidos que representam em
torno de 50% do preço final. Um exemplo bizarro dessa realidade é o imposto
cobrado sobre os remédios, ou seja, aquele imposto que está embutido nos preços
nas farmácias que, depois que você paga, o comerciante é obrigado a repassar
diretamente para o governo. O imposto que incide sobre os remédios corresponde
a 34% do preço total. Ou seja, se você paga R$ 100 em um remédio, R$ 34 são
impostos embutidos.
Agora,
quem vai às bancas comprar a última edição da revista Playboy, o governo vai
ficar com apenas 19% do que for pago. Ou seja, quem compra R$ 100 em revistas
da Playboy, o governo recebe R$ 19. E se o seu cãozinho precisar tomar um
remédio, a mordida é ainda menor. O imposto embutido sobre remédios de animais
no Brasil é de 13%. Quem estabelece a quantidade de impostos embutidos em cada
produto, além de todos os impostos que você já paga descontados na fonte, IPVA,
IPTU, IR, dentre vários outros, é o próprio governo, de acordo com seus
próprios critérios e prioridades.
As
pequenas empresas no Brasil são responsáveis pela geração de 52% dos empregos
formais, de acordo com o Sebrae. Isso mostra a grande importância social que
têm o empreendedorismo e a iniciativa de verdadeiros heróis que, em meio a
tantos impostos, burocracia, falta de segurança, saúde e educação, ainda se
encorajam a colocar seus sonhos e projetos em prática, remando contra a maré e
abraçando enormes oportunidades.
Uma
coisa é certa: o Brasil, longe da propaganda governamental, tem grandes
problemas que o mantêm muito distante dos portões do primeiro mundo. No
entanto, a força do mercado interno brasileiro é incrível, produzindo milhares
de novos milionários todos os anos. Em outras palavras, o Brasil pode não ser o
melhor do mundo para morar, mas certamente é um dos melhores lugares no planeta
para prosperar financeiramente.
É
claro que só colocam a mão no pote de ouro os que têm a coragem de desbravar um
território tão inóspito quanto o mundo dos negócios. Em especial, no Brasil, os
desafios são infindáveis, porém, uma terra fértil para novas ideias, serviços
com valor agregado e produtos inovadores e com estratégias bem elaboradas. Não
é por acaso que, de acordo com Wealth Insight, a previsão para o ano de 2014 é
de serem produzidos mais 17.293 novos milionários brasileiros (quem possui mais
de U$ 1 milhão em sua conta bancária), uma média de 45 novos milionários por
dia. É claro que essas estatísticas revelam apenas os que vão conquistar seu
patrimônio honestamente e terão todos esses valores declarados. Veja o quadro
abaixo com a performance dos países que mais vão produzir milionários em 2014:
Perceba alguns pontos interessantes na tabela. O primeiro, é que
em terceiro lugar em crescimento no número de milionários em 2014 encontramos a
Nigéria, um país africano repleto de problemas sociais e políticos, mas onde
alguns visionários estão prosperando no deserto e contrariando todas as
estatísticas. O Brasil, que já possui quase 200 mil milionários, aparece na 5ª
posição e projeta um crescimento de 8,9% de sua população de novos ricos.
Considerando que estamos falando de milionários que produzem e que criaram
riquezas longe das mamatas governamentais que presenciamos corriqueiramente nos
meios de comunicação, é muito provável que estejamos falando de alguns atletas
de sucesso, alguns artistas em ascensão e vários empresários e comerciantes bem
sucedidos. Curiosamente, sejam atletas, artistas ou empresários, estamos
falando de gente que teve a coragem de não seguir a boiada, encarando
atividades com mais riscos e longe da segurança e estabilidade encontrada em
outros setores.
Portanto,
podemos concluir que apesar de todos os problemas que vemos a cada dia se
agravarem no país, sem que o governo seja capaz de revertê-los, temos no
mercado brasileiro a grande fortaleza que faz com que o Brasil represente uma
oportunidade ímpar para quem deseja construir projetos com escala e de grande
valor. Inclusive, falando em escala, só em 2012, foram mais de R$ 140 bilhões
em operações de fusões e aquisições no país. Grande parte desse montante veio
de fundos internacionais que escolheram o mercado brasileiro para investir. Bom
para o Brasil e bom para os fundadores dessas empresas adquiridas que
realizaram seus suados lucros.
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